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sábado, 11 de abril de 2015

BUSCA





BUSCA


No véu negro da noite meus pensamentos eclodiram…
Há ânsias.
Um desejo incontrolável de vê-la vem pulular em meus pensamentos….

Sinto-me novamente em mutação - serei o substrato da titânica luta entre o meu EU e um Ego que se sujeita aos imperativos mundanos?…
Há nas sombras de meu quarto escuro luminescências de vida - vida contida em
meias-palavras: frágeis, densas… tensas! Há um momento-inspiração projetado em minha mente.

Olho para o teto encoberto de surpresas noturnas e a sinto - ahhh, como a sinto!

Você é isso - suave ave branca a aliviar as trevas. Farfalhar mágico de asas alçando voos incomensuráveis… Fecho os olhos e novamente o portal do meu coração é entreaberto;

Levanto-me e vou à rua… O vento assobia em meus ouvidos a sua canção. Caminho uma porção de passos, sem ter norte ou mesmo um porquê. Metamorfoseio-me em criatura noctívaga, transeunte do tempo querendo vencer os espaços - ou encurtá-los… Trazer o incomensurável para dentro do infinito que habita para além de minhas aparências fugazes.

Vou chutando as pedras sem saber que com elas também estão rolando um tempo de lágrimas e de alegrias incontidas, inesquecíveis. Fecho meus olhos novamente, sento-me em uma praça lotada de vazios, sob a auréola de um lampião e sonho:

                                                         BRANCAS DUNAS…
                                                         BRANCAS NUVENS…

Sussurro ao vento o seu nome… perscruto-a! Caminho, afundando meus pés nas dunas e a vejo… Alva como a areia, balbuciando um sono fantástico… Corro sobre as garras da areia e não consigo alcançá-la. Choro e minhas lágrimas se definham ao final dos cômoros, rasgam as areias e você vem como um pássaro a saciar da sede que a resseca.

Então desço, rolo pelos cômoros…
A ânsia aumenta… Quero cortar suas asas, pois assim não alçarás mais voos longínquos. Estendo a mão, busco agarrá-la, mas… lá se foi o pássaro… Há em seu lugar apenas resquícios de poeira de dunas, de tempo…
Refaço-me desse pó, que penetra como navalha em meus olhos, cortando e ferindo minhas pupilas…
Sigo.
Passos longos, mãos nos bolsos, colarinho levantado para enfrentar a fúria do vento… há um frio absurdo zoando sons fantasmagóricos em meus ouvidos.

Ao longe… bem ao longe, escuto uma canção suave, que alivia a perturbação do frio - uma canção suave e deleitosa. Corro e encontro uma ninfa exalando esses sons, fazendo um mosaico com os acordes sonoros. Alivio-me por minutos de meus pensamentos… Vagueio ao som… Sorrio e vejo que alguém ternamente corresponde ao meu gesto.

Está longe, mas sinto a intuição bater forte em meu coração. Continuo a sorrir, a distância já não é mais abissal… firmo os olhos e… ohhh, de novo a vejo!

Você abre os braços e eu mais uma vez corro… Mas, de repente, as luminescências de vida se apagam e eu mais uma vez me perco… a perco.
  


Abro e fecho os olhos repetidamente e… novamente:

                                                      BRANCAS DUNAS…

                                                      BRANCAS NUVENS!

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