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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Sobre mares e marés; castelos e arrebentações







Sobre mares e marés; castelos e arrebentações

Nesses dias de mares e marés
Eu me peguei feito criança
Construindo castelos,
Mas os meus não eram de areia,
Mas da espuma das ondas
Que se arrebentavam antes de chegarem à beira-mar...


Crueldade: duravam muito menos que os das crianças...


Castelos feitos de fluidos se definham ao espocar do olhar;
Ora lá estão eles - magníficos e translúcidos - ora nada mais...
Aí tem que se esperar nova arrebentação...
Fiquei, então, refletindo sobre o tempo em que
Cada onda cobra por nossos castelos;
Qual é a porção desse tempo - já tão pífio
Em que ela nos permite construir nossos templos...
Senti que muitas vezes negligenciamos
Nossos mares e marés e suas ondas a se arrebentarem...
Alheamos à força que esparge fluidos tão espetaculares
De se construírem castelos maravilhosos...

Olhares opacos, ouvidos moucos
Onde estamos que não visitamos nossos mares e marés?
Onde estamos que não sentimos que 
Nossas ondas têm diminuído suas sequências a cada brisa,
Que suas arrebentações estão cada vez mais esparsas e fracas?...


Trouxe comigo desta vez que não demorarei a
Sentar-me na areia e construir mais castelos,
Enquanto ainda tenho minhas ondas a se
arrebentarem à beira-mar.

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