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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Tributo a Théo Carias

 


A gente vai aprendendo a envelhecer...
Vai se tornando mais amigo do TEMPO,
Ao invés de tentar, inutilmente, driblá-lo...

A gente vai compreendendo por que envelhecer...
A gente vai percebendo que nada pode suplantar o natural
E daí a gente passa a entender que o TEMPO
Verdadeiramente gosta é de estar incluso
Em todas as nossas atividades, fazendo parte de nossa história...

E quando a gente se aproxima dele
E o ombreia, colocando-o como parceiro-amigo,
A gente sente que o seu poder titânico tem um porquê misericordioso...
E então a gente se despe do medo... do medo do TEMPO!

Daí a gente o compreende finalmente...
Sabe que com ele hão de passar muitos capítulos de nossa saga 
Aqueles já vividos - os que já se transformaram em história 
E história a gente não muda...

Mas ganhamos de presente do TEMPO
A certeza de que a gente - nós e ELE - haveremos de laborar
Outros tantos no porvir do dia a dia... Construindo nova epopeia...

E que o barato da vida é vivê-la um dia de cada vez,
Aparando os equívocos, esquivando-nos dos erros...
Cantando-a em ode e proseando-a em salmos!


FERNANBAS
Fernando Batista dos Santos

terça-feira, 14 de abril de 2015

EVOLUÇÃO

EVOLUÇÃO
 Um tributo ao ADAM

A gente se busca...
A gente se acha...
Acha que se achou... Qual nada!


A gente tenta se autoavaliar;
Avaliando-nos, a gente intenta mudar;
Mudando-nos, muito se tem a trabalhar!

Mudar-se é um grande desafio.

Tem que ser forte...
Não pode deixar-se perder!

A gente se busca,
A gente se acha,
A gente sofre...
Sofre porque acha e reconhece erros, desvios... Por isso é um desafio... Não pode deixar-se perder!

A gente tem que ser sincero com a gente mesmo... Pelo menos com a gente mesmo! Isso é um grande desafio... Não pode deixar-se perder!

A gente se busca...
A gente se acha...
A gente se racha...
Criva-se...
E, parece, fica-se à deriva... É aí... Aí que tem que ser como rocha... Porque é a vida - um desafio - não pode deixar-se perder!

A gente se busca,
A gente se acha,
A gente não pode se rechaçar!

Não há que ter culpa do que se foi,
Mas há que laborar a responsabilidade, para doravante, ser melhor do que ontem...


O desafio continua...

                                              É árduo...

                                                      Exaurível...

                                           Duradouro mas, FINITO!



A GENTE TEM TUDO PARA VENCER, SÓ NÃO PODE DEIXAR-SE VENCER!





ENAMORAR



ENAMORAR


Minha visão ronda os arredores,
Cerca domínios a procurando...
Busco sua imagem além da parca visibilidade de meus olhos.


Inspiro sua fragrância natural, excitante...
Metabolizo-a!
Sua essência então me deixa certo de que você não se encontra longe...

Seduzo o tempo,
Burlo suas barreiras,
Altero meu estado e fluidifico-me e adentro-me pelas tênues cortinas do espaço...

Prossigo minha busca rumo à rota traçada,
Injeto o meu sonhar em sua realidade e então a acho e a ganho!

Antes que o tempo me note em seus limites eu me refino novamente
E me propago velozmente pelos abissais  portais do infinito...

Busco desesperadamente a saída,
Para nos envolvermos,
Revolvermos freneticamente e para então começarmos a conviver:

Sem perdas,

                                   Nem buscas,
Sem danos,

                                     Nem enganos.


O Senhor dos Corações




O Senhor dos Corações
À Andrea que sempre amei



Quem é esse viajor que me conhece às entranhas e que desde um passado remoto perscruta o meu Ser, desvendando os meus mais velados arcanos?!

Que esteve comigo num ontem que nem mesmo eu me lembro, mas que me deixa ter a intuição de que se serviu de liame numa história onde inexistem tempo e espaço...

Que está comigo hoje, revelando-me sua origem quintessenciada e deixando-me a sutil sensação de que viajará comigo quando minhas asas alçarem o mais impávido, longo e ousado voo da criatura humana...

Ahhh, que poder fenomenal carrega consigo!!!

Que força estranha é esta que exerceu sobre mim, impelindo-me a encontrar a parte que ligara a meu Ser desde as mais longínquas alvoradas de minhas existências...

Passaram-se as Eras...
A Humanidade...
A História...

O viajor, porém, transcedeu-se a tudo isso e ainda ao relógio do tempo, incólume a todas as intempéries, indo e vindo, sempre com a missão de coadunar minha alma à de quem sempre amei.




PAIXÃO



PAIXÃO


Imensidão:
Uma ilha perdida,
Um som distraído...
Uma ilha, ilhando dois... dois que se completam...
A lembrança em você existe...
Há você percorrendo as veredas de meu coração.

Olhares, visões de um passado em momentos fugazes:
Minutos,
Segundos,
Sonhos em êxtases,
Hora dilacerada em milhares...

Sorrisos amenos... Atentos... Agora entendo:
Talvez a força ou desejo incontido, ou o quê, nem sei - só sei que às vezes entregue me perco, desarmado me vejo, flutuando ao sabor de seus suntuosos lábios morenos,
Sedentos!

Imensidão:
Olhares e sorrisos envoltos e que nunca se vão...
Sempre em vão tento esquecê-los... Paixão...
Pingos de amor que tamborilam em minha face, borrifando-a, qual tal as gotas de orvalho nas sedentas folhas verdes nas manhãs de outonais... Paixão...

Certeza cega,
Presença incontestável da mente inebriada.

Finalmente:
Mente
Quem diz ser tão só...
Somente só...
Só mente!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

MOSAICO & MANDALA




 MOSAICO & MANDALA

Belezas…
Tantas e tão singulares…
Tão singulares e tão espetaculares…



Nesses dias em que estamos mais sensíveis
Ao belo e ao harmônico…
Nesses em que gente se pega a levitar em espírito
Plasmando luzes ao invés de apenas recebê-las,
Eu fiquei refletindo sobre esses caprichos da natureza…



Descobri então que não há limites para a beleza

Não há.

Refestele-se em lótus e deixe sua visão se perder
Onde o limite entre o céu e o mar já se perdera…
Como chamar a isso senão BELEZA?…



Na mesma praia perscrute o trôpego caminhar
Da criança que tem certeza de que todo o azul do mar
É somente seu e siga suas pegadas nas areias…
Como chamar a isso senão BELEZA?…

 

Na vastidão que se amplia entre o mar e o céu
Na parabolicidade de nossas visões,
Subtraindo nosso espírito de seu cárcere carnal
Extasiando nossos corações,
Num infindo desdobramento astral…
Como chamar descomunal catarse espiritual senão BELEZA?…
  


Ainda tenho muito que aprender sobre potestades, sei disto…
Mas também sei que nessas minhas experiências vivificadoras
Em que rimo minha vida em rimas ricas que conquisto
Me posto cada vez menos baldo nas visões edificadoras…



E é então que – fitando-a detidamente – eu já posso garantir:

Belezas são sorvos de uma natureza enamorada com o sublime,
De cujas exalações entre o humano e o divino resultam
As singularidades – a sensibilidade – o terno e o harmônico…



Para onde espíritos de luzes plasmam os seus caprichos…
Levitando corpos cada vez mais etéreos em êxtases...
Ponderando o que jazia imponderável…
Manipulando a quintessência humana
Para que a natureza e o sublime sempre se encontrem
E se olhem, e se enamorem, e se amem…
E em se amando sorvam o melhor que há na Terra
A fim de extasiarem nossas visões com painéis mosaicos,
Mandalas multifacetadas, onde certamente
Todo o seu todo resplandecerá como a mais linda porção, neles, incrustada…


O MITO DA CAVERNA




O MITO DA CAVERNA


O Certo ou o Errado;
A Esposa ou a Ordinária,
Entre o Profano ou o Sagrado,
Apegar-se ao morigerado ou ao pulha?

O devasso de ontem é hoje o velhaco repaginado...
Sai época e entra era - tudo vai e volta
Novos termos, novas idéias para uma dialética que revolta
Pelo abuso de sutilezas, mentiras, claro(!!!) como sempre maliciosamente engendradas

Que tempos são esses: mais de dois milênios já são passados,
Quantos ainda serão necessários para o despertar coletivo,
Se é que é possível despertar aqueles que se comprazem de passados,
Porque lá se encontram suas Caixas de Pandora – a chance do apelativo.

PEDRA RARA


A emblemática menina afegã



PEDRA RARA
                                                                                                                Pedras raras vivem por muito tempo...


É de todo irresistível quando a pedra jade de seu olhar se reverbera em nossa face...

         É de todo impossível não se deslumbrar quando o brilho dos seus olhos adentra por nossos portais à cata de segredos e fantasias que, inutilmente, tentamos dissimular...




É DE TODO COMPREENSÍVEL QUE NÃO CAIBA MAIS BELEZA ONDE O BELO JÁ SE FEZ ABSOLUTO.




         Ahhh... O que cantaria a verve mais sensível do poeta quando lhe fosse dada a permissão para penetrar por esses secretos domínios de sedução e êxtase?

Certamente compreenderia que seria de todo irresistível...
                                                                                            Impossível...             
                                                                                                                Compreensível  não se poder mensurar os prazeres e a beleza de


TÃO RARA PEDRA PRECIOSA...

domingo, 12 de abril de 2015

POEMA DE UM MOMENTO SÓ




As horas sumiram:
Seus ponteiros lentos foram corroídos pela ferrugem do tempo...

O agora parou:
O ontem se esmaeceu e o futuro não fora gerado...
O presente tornou-se o único tempo e eu pude senti-lo melhor
Vivê-lo com a intensidade de um instante que parecia não findar...

Mas o agora era só o hoje e hoje não é todo dia...

Mas eu contrariei as leis – de tempo e espaço - e pude eternizá-lo
Sim... eternizei-o!  
Dele suguei a fragrância do seu corpo... a essência do seu ser

Laborei o plasma divino e o tornei o agora de toda minha existência...  

Plasmei no sagrado de minha alma a sua beleza 
De menina-mulher...
De mulher-mulher...

Resguardei a senha secreta daquela transubstanciação em nossos corações e copulei nossas almas às vibrações daquele momento só...


As pontes que sigilam secretos segredos

Foto de Kiko Neto



Quando atravesso os paralelepípedos singulares e seculares ao cruzar a estreita Ponte da Cadeia eu sinto o quanto a minha relação também é estreita com D’El-Rey...

As pontes de São João têm histórias distintas – cada uma delas conserva uma fase de nossas vidas – da infância à madureza – todas sigilam em suas psicosferas o que nós vivemos em cada uma dessas fases.

E são tantas e tão senhoras de si: a da Estação, a Benedito Valadares, a do Teatro Municipal, a da Cadeia, a do Suspiro, a do Rosário, da Biquinha, do São Caetano, a que liga a General Osório – minha morada por inesquecíveis 20 anos – ao caminho para a paróquia de São José e, próximo desta, a Ponte da Rua São João... tantas e cada uma sigilando o que nelas vivemos.  

Passados 34 anos em que estou ausente de minha terra
Eu não me vejo existir sem a sua presença...
São João D’El-Rey representa muito desta minha existência...

Oh D’El-Rey como anseio voltar a cruzar suas pontes
A fazer moradia perene em sua alma até que outra existência
Faça-me renascer de novo em seu seio.

Quando paro em sua metade esquerda, adorável Ponte da Cadeia, onde você mantém em relicário a Cruz do Cristo e expando minha visão, vislumbro a outra Ponte tão parecida com você – a do Rosário – bate-me uma saudade tão incontida que parece não vou suportar...


Descendo aquela Ponte eu vou estar em minhas raízes...

Oh Tijuco de minha infância e juventude
Como esquecer-me de você quando fora de seu âmago
Que aprendi valores tão essenciais para o que adviria em minha vida quando – pelas contingências das existências – eu precisei daí apartar-me?...



Como esquecer-me de você meu emblemático Tijuco
Se fora de você que me vi filho de Degão e de Maria Cardoso – minha Estrela Maior;
Espíritos que pela graça do Eterno vieram como meus pais...

    
Passados 34 anos em que estou ausente de minha terra
Eu não me vejo existir sem a sua presença...
São João D’El-Rey representa muito desta minha existência...

Oh D’El-Rey como anseio voltar a cruzar suas pontes
A fazer moradia perene em sua alma até que outra existência

Faça-me renascer de novo em seu seio. 

sábado, 11 de abril de 2015

VIDA REDIVIVA - TRIBUTO A FERNANDO FILHO









VIDA REDIVIVA
Para Fernando Filho – Minha Vida Rediviva

Na vastidão infinita de meus pensamentos busco algo que acalme o meu Ser…
As horas se consomem e se perdem mais uma vez na ferrugem
Daquele tempo onde um poema se eternizou…

Nos acordes de "Brothers in Arms" mergulho minha visão que transcende
A vidraça orvalhada pela tênue chuva que teima em borrifar

Folhas…

                            Pétalas…

Faces!

Nos quartos aconchegantes de meu lar repousam aqueles a quem amo,
Acalentados pela noite que me faz timoneiro dessa viagem rumo a
Essas infinitas plagas interioranas…


Qual artífice que molda da lama a sua obra-prima vou rebuscando meus
Versos nas reminiscências de outrora e nessa imersão eu clamo:


_ Oh tempo infindo que vagueia senhor das horas estonteadas pelo furor de desejos intrépidos… Tempo que desnuda vidas redivivas, deixe-me vislumbrar, sorver minha essência que tilinta por esses cantos indeléveis… Deixe-me reconhecer e crer que sou, de verdade, partícipe desse processo imensurável a que chamam vida…


Vida essa que pulsa…

                                               Pulsa…

                   Pulsa e,

Brilha nesses pequeninos céus de olhos azuis a que chamo:

FERNANDO FILHO!




BUSCA





BUSCA


No véu negro da noite meus pensamentos eclodiram…
Há ânsias.
Um desejo incontrolável de vê-la vem pulular em meus pensamentos….

Sinto-me novamente em mutação - serei o substrato da titânica luta entre o meu EU e um Ego que se sujeita aos imperativos mundanos?…
Há nas sombras de meu quarto escuro luminescências de vida - vida contida em
meias-palavras: frágeis, densas… tensas! Há um momento-inspiração projetado em minha mente.

Olho para o teto encoberto de surpresas noturnas e a sinto - ahhh, como a sinto!

Você é isso - suave ave branca a aliviar as trevas. Farfalhar mágico de asas alçando voos incomensuráveis… Fecho os olhos e novamente o portal do meu coração é entreaberto;

Levanto-me e vou à rua… O vento assobia em meus ouvidos a sua canção. Caminho uma porção de passos, sem ter norte ou mesmo um porquê. Metamorfoseio-me em criatura noctívaga, transeunte do tempo querendo vencer os espaços - ou encurtá-los… Trazer o incomensurável para dentro do infinito que habita para além de minhas aparências fugazes.

Vou chutando as pedras sem saber que com elas também estão rolando um tempo de lágrimas e de alegrias incontidas, inesquecíveis. Fecho meus olhos novamente, sento-me em uma praça lotada de vazios, sob a auréola de um lampião e sonho:

                                                         BRANCAS DUNAS…
                                                         BRANCAS NUVENS…

Sussurro ao vento o seu nome… perscruto-a! Caminho, afundando meus pés nas dunas e a vejo… Alva como a areia, balbuciando um sono fantástico… Corro sobre as garras da areia e não consigo alcançá-la. Choro e minhas lágrimas se definham ao final dos cômoros, rasgam as areias e você vem como um pássaro a saciar da sede que a resseca.

Então desço, rolo pelos cômoros…
A ânsia aumenta… Quero cortar suas asas, pois assim não alçarás mais voos longínquos. Estendo a mão, busco agarrá-la, mas… lá se foi o pássaro… Há em seu lugar apenas resquícios de poeira de dunas, de tempo…
Refaço-me desse pó, que penetra como navalha em meus olhos, cortando e ferindo minhas pupilas…
Sigo.
Passos longos, mãos nos bolsos, colarinho levantado para enfrentar a fúria do vento… há um frio absurdo zoando sons fantasmagóricos em meus ouvidos.

Ao longe… bem ao longe, escuto uma canção suave, que alivia a perturbação do frio - uma canção suave e deleitosa. Corro e encontro uma ninfa exalando esses sons, fazendo um mosaico com os acordes sonoros. Alivio-me por minutos de meus pensamentos… Vagueio ao som… Sorrio e vejo que alguém ternamente corresponde ao meu gesto.

Está longe, mas sinto a intuição bater forte em meu coração. Continuo a sorrir, a distância já não é mais abissal… firmo os olhos e… ohhh, de novo a vejo!

Você abre os braços e eu mais uma vez corro… Mas, de repente, as luminescências de vida se apagam e eu mais uma vez me perco… a perco.
  


Abro e fecho os olhos repetidamente e… novamente:

                                                      BRANCAS DUNAS…

                                                      BRANCAS NUVENS!

ANTES QUE A NOITE ACABE


ANTES QUE A NOITE ACABE

Que torrente é essa que me desnudou à alma,
Que me vestiu a pele com a própria pele do Espírito,

Que me transportou em caudalosos desdobramentos
Do limbo ao feixe de luz;
Da luz que se irrompia pelas frestas de meu ser?...

Que ser é esse que nem conheço mais
Que já não sou apenas eu,
Mas conta com tantos outros
De tantas outras eras,
Das épocas dos outros eu?...

Qual eu sou agora:
Este ou aquele,
O que chegou ou que já está voltando?...

Há mais de mim em mim agora – sei que há...
Pois antes que a noite acabe
Quero sorver minha essência integral,
Aproveitar de mim um pouco mais...
Surfar as ondas inimagináveis dos confins galácticos,
Voar os céus de outros céus,
Correr pela Via - Láctea – extasiado!
Há mais de mim em mim agora – sei que há...

Antes que a noite acabe quero sorver minha essência integral...


AS ONDAS E OS ARRECIFES

AS ONDAS E OS ARRECIFES


Eu via o mar com suas águas indo e vindo… eu sentia o tempo passando por minha vida… passando como ondas. MAR e TEMPO arrebentam-se em meus arrecifes de segredos…



Hoje eu sei… O tempo navega pelo espaço em ondas…
Às vezes vai…
Às vezes vem…
E torna a ir para vir depois!

Quando vai, leva consigo um pouco da gente que pensamos nunca mais reaver… Mas o nunca mais é uma ilha utópica nessa dimensão imensurável e então quanto volta, percebemos que o que foi levado voltou incólume! E assim, ao nos olharmos, sentimos que tudo passou… Tudo, menos o que o tempo levou… O que com o tempo retornou.

Hoje eu sei:
O MAR e o TEMPO se confundem numa só potência… Meus olhos se perdem na sedução do azul do MAR; meu coração se rende às ondas do TEMPO que, sutilmente um dia, desvendou os meus mais secretos segredos:

TEMPO…
MAR…
SEDUÇÃO…
SECRETOS…
SEGREDOS.

Hoje eu sei:

O TEMPO é um gigantesco MAR, com ondas de sedução e arrecifes de segredos que, um dia se permitiram ser levadas, para num outro se espraiarem por toda a praia… em todos os seus cantos… num só encanto!

EM SEUS OLHOS

EM SEUS OLHOS

Bem-aventurados os amores de todas as horas; 
Os que acontecem aqui e os metafísicos; 
Os que selam paixões vívidas
E plenas de serem vividas no agora deste instante
E também aqueles que as ensaiam para novas e instigantes paragens…  


Tire do homem o AMOR
E sua alma será DESNUDADA… 
Anima e animus se definharão
E o sopro do ETERNO se esvairá de seus recantos sagrados…


Negue ao homem o direito de apaixonar-se
E ele será degredado a limbos prosaicos
Onde a umbra eclipsará para sempre a luz que nele existe
E quão trevosa será a treva que nele habitará…


Gelem no homem suas emoções mais sublimes
E veremos a alude avassaladora a levar-lhe todas as demais virtudes,
Porque não é a sublimidade do AMOR a mãe de todos os nobres sentimentos?!


Mas afogueiem-lhe o ESPÍRITO através de sua ALMA
E veremos o quão bem-aventurados sãos os amores de todas as horas;
Os que acontecem aqui e os metafísicos; 
Os que selam paixões vívidas 
E plenas de serem vividas no agora deste instante
E também aqueles que as ensaiam para novas e instigantes paragens… 


A RESSURREIÇÃO NOSSA DE CADA DIA

Numa tarde eu estava no computador e de repente eu comecei a ouvir o barulho da chuva a cair no quintal, começou de mansinho e foi apertando, ficando mais vigorosa e com ela vieram os trovões e seus guardiães - os relâmpagos.
Não coincidentemente eu estava ouvindo Ronan Keating em sua If Tomorrow Never Comes... daí comecei a viajar em um pensamento que me veio à mente: E SE NÃO HOUVER AMANHÃ?
Daí nasceu tal prosa poética que divido, mais uma vez com vocês.
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A Ressurreição Nossa de Cada Dia
Ao findar de cada dia é certo que entregaremos nossos corpos à noite e dela obteremos, após um sono que quase cessará o sopro da vida que ontem estava conosco, uma repaginada nesta existência...
RESSURREIÇÃO... Isto é ressurreição... Renascermos a cada despertar com o mesmo corpo, com a mesma identidade, com os mesmos caracteres que nos constituem individualidades, porém, com uma nova oportunidade de nos estabelecermos neste mundo impermanente...
“Somos convidados cada dia
a ir deitar sem saber o
que esperar do dia de amanhã.
É isto, esse total mistério
e infinitude de possibilidades
que nos dá, senão o sentido,
a vontade de viver”...
E nessas noites vivificantes eu me coloco a refletir exatamente
sobre essas titânicas dicotomias:
o temporal e o eterno;
o transitório e o permanente;
a finitude e o indelével...
Ouço a chuva caindo incessantemente,
Vindo acompanhada de ventos fortes
A farfalharem os galhos dos maravilhosos bouganvilles
Que compõem e emolduram a minha verde rua...
Esses ruídos brancos – brandos e cadenciados - da chuva são convites,
Às mais das vezes, tentadores, à gostosa preguiça,
Indutora de um irresistível poder sonífero...
Mas esse espelho d’água também tem
Um poder magnético, hipnótico mesmo...
Chegando, por efeito cascata, a impor-nos mergulhos abissais
na porção quintessenciada do self,
Levando-nos a reflexões mais místicas
Tanto em relação à nossa condição perante o mundo,
Quanto em relação às forças que regem alguns de seus determinismos...
Quando a vidraça da janela reverberou
E expandiu o clarão do relâmpago que
Triscou incandescente os céus
Eu volvi minha cabeça até seus espelhos
E ali me vi refletido...
E nesse pano de fundo das águas chorosas
Espocando à luz de coriscos travessos
A nossa imagem desnuda – tal qual nós a sabemos,
Eu me peguei a refletir sobre o AMANHÃ.
Talvez eu renasça amanhã em minha ressurreição de cada dia...
Talvez não.
Caso eu ressurja será um PRESENTE...
O sopro da vida está a assoprar incessantemente,
Permeando a atmosfera de minha morada...
Então pode ser que eu seja vivificado;
Mas também há que se considerar o vento-sul:
Esse endiabrado El Niño,
A agir sobre o sopro vivificante,
E daí eu não conseguir inspirá-lo
E já não estar um Ser edificando e nem tão edificante...
Trabalhar entre o sim, o não ou o talvez será sempre assim:
Talvez eu acerte... talvez nem tanto...
Talvez eu erre e peque feio!
Isto é tão exato quanto à comparação que se pretenda segura
Ao vislumbrar-se o Planalto Central de longe,
Escolhendo-lhe um ponto de referência...
Tenderemos a atestar que tudo está bem perto
Do ponto de vista de nosso precário olhar,
Por conta de enxergamos tudo na linha do horizonte...
Mas e então, e se o amanhã nunca chegar?...
Pode ser que eu me permita chorar,
Pode ser que não!...
Pode ser até que eu ria
Em enxergar-me transeunte espectral
Caminhando os mesmos caminhos do ontem,
Em que ganhei o PRESENTE.
A dialética das hipóteses
Estribada por um SE ali entremeado,
Por um trêmulo, esfaimado e esfacelado TALVEZ
É por - via de regra - tão perversa
Que por vezes me incute a certeza, em simulacro,
De que se o amanhã nunca chegar
Jamais terei outro presente,
Mas tão-somente uma realidade reversa... adversa.
Se o amanhã vier mais uma vez,
Ressuscitando-me de uma morte noctâmbula,
Com ele virá mais um PRESENTE
E então será sábio esquecer-me
Do SE, ou do TALVEZ...
Lacerarei o papel bonito que o envolve
E recomeçarei o meu Carpe Diem
Porque pode ser que depois - na manhã seguinte
O amanhã nunca chegue..