"Sapias, vina liques et spatio brevi spem longam reseces, Dum loquimur, fugerit invida aetas. Carpe Diem Quam Minimum Credula Postero".
Sê sábio, filtra o vinho e encurta a ansiedade, pois a VIDA é BREVE; Enquanto falamos, terá fugido ÁVIDO o TEMPO.
Aproveite ao máximo o dia de hoje Não te inquietando com o AMANHÃ; Eis que o amanhã cuidará de si próprio.
Sê sábio para o curto prazo e REAVALIA as tuas ANSIEDADES.
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terça-feira, 24 de novembro de 2015
Tributo a Théo Carias
A gente vai aprendendo a envelhecer...
Vai se tornando mais amigo do TEMPO,
Ao invés de tentar, inutilmente, driblá-lo...
A gente vai compreendendo por que envelhecer...
A gente vai percebendo que nada pode suplantar o natural
E daí a gente passa a entender que o TEMPO
Verdadeiramente gosta é de estar incluso
Em todas as nossas atividades, fazendo parte de nossa
história...
E quando a gente se aproxima dele
E o ombreia, colocando-o como parceiro-amigo,
A gente sente que o seu poder titânico tem um porquê
misericordioso...
E então a gente se despe do medo... do medo do TEMPO!
Daí a gente o compreende finalmente...
Sabe que com ele hão de passar muitos capítulos de nossa
saga Aqueles já vividos - os que já se transformaram em história E história a gente não muda...
Mas ganhamos de presente do TEMPO
A certeza de que a gente - nós e ELE - haveremos de laborar
Outros tantos no porvir do dia a dia... Construindo nova epopeia...
E que o barato da vida é vivê-la um dia de cada vez,
Aparando os equívocos, esquivando-nos dos erros...
Quem é esse
viajor que me conhece às entranhas e que desde um passado remoto perscruta o
meu Ser, desvendando os meus mais velados arcanos?!
Que esteve comigo
num ontem que nem mesmo eu me lembro, mas que me deixa ter a intuição de que se
serviu de liame numa história onde inexistem tempo e espaço...
Que está comigo
hoje, revelando-me sua origem quintessenciada e deixando-me a sutil sensação de
que viajará comigo quando minhas asas alçarem o mais impávido, longo e ousado voo
da criatura humana...
Ahhh, que poder
fenomenal carrega consigo!!!
Que força
estranha é esta que exerceu sobre mim, impelindo-me a encontrar a parte que
ligara a meu Ser desde as mais longínquas alvoradas de minhas existências...
Passaram-se as
Eras...
A Humanidade...
A História...
O viajor, porém,
transcedeu-se a tudo isso e ainda ao relógio do tempo, incólume a todas as
intempéries, indo e vindo, sempre com a missão de coadunar minha alma à de quem
sempre amei.
Uma ilha, ilhando dois... dois que
se completam...
A lembrança em você existe...
Há você percorrendo as veredas de
meu coração.
Olhares, visões de um passado
em momentos fugazes:
Minutos,
Segundos,
Sonhos em êxtases,
Hora dilacerada em milhares...
Sorrisos amenos... Atentos...
Agora entendo:
Talvez a força ou desejo
incontido, ou o quê, nem sei - só sei que às vezes entregue me perco, desarmado
me vejo, flutuando ao sabor de seus suntuosos lábios morenos,
Sedentos!
Imensidão:
Olhares e sorrisos envoltos e que
nunca se vão...
Sempre em vão tento esquecê-los...
Paixão...
Pingos de amor que tamborilam em
minha face, borrifando-a, qual tal as gotas de orvalho nas sedentas folhas
verdes nas manhãs de outonais... Paixão...
É de todo irresistível quandoa pedra jadede seu olhar se reverbera em nossa face...
É de todo impossível não se deslumbrar
quandoo brilho dos seus olhosadentra por nossos portais à cata de segredos e fantasias que,
inutilmente, tentamos dissimular...
É DE TODO COMPREENSÍVEL QUE NÃO CAIBA MAIS
BELEZA ONDE O BELO JÁ SE FEZ ABSOLUTO.
Ahhh... O que cantaria a verve mais
sensível do poeta quando lhe fosse dada a permissão para penetrar por esses
secretos domínios de sedução e êxtase?
Certamente compreenderia que seria de todo irresistível...
Impossível...
Compreensível não se poder mensurar os prazeres e a beleza
de
Quando atravesso os paralelepípedos
singulares e seculares ao cruzar a estreita Ponte da Cadeia eu sinto o quanto a
minha relação também é estreita com D’El-Rey...
As pontes de São João têm
histórias distintas – cada uma delas conserva uma fase de nossas vidas – da infância
à madureza – todas sigilam em suas psicosferas o que nós vivemos em cada uma
dessas fases.
E são tantas e tão senhoras
de si: a da Estação, a Benedito Valadares, a do Teatro Municipal, a da Cadeia, a
do Suspiro, a do Rosário, da Biquinha, do São Caetano, a que liga a General Osório
– minha morada por inesquecíveis 20 anos – ao caminho para a paróquia de São José
e, próximo desta, a Ponte da Rua São João... tantas e cada uma sigilando o que
nelas vivemos.
Passados 34 anos em que estou
ausente de minha terra
Eu não me vejo existir sem a
sua presença...
São João D’El-Rey representa
muito desta minha existência...
Oh D’El-Rey como anseio voltar a cruzar suas pontes
A fazer moradia perene em sua alma até que outra
existência
Faça-me renascer de novo em seu seio.
Quando
paro em sua metade esquerda, adorável Ponte da Cadeia, onde você mantém em
relicário a Cruz do Cristo e expando minha visão, vislumbro a outra Ponte tão
parecida com você – a do Rosário – bate-me uma saudade tão incontida que parece
não vou suportar...
Descendo aquela Ponte eu vou estar em minhas raízes...
Oh Tijuco de minha infância e juventude
Como esquecer-me de você quando fora de seu âmago
Que aprendi valores tão essenciais para o que adviria
em minha vida quando – pelas contingências das existências – eu precisei daí apartar-me?...
Como esquecer-me de você meu emblemático Tijuco
Se fora de você que me vi filho de Degão e de Maria Cardoso
– minha Estrela Maior;
Espíritos que pela graça do Eterno vieram como meus
pais...
Passados 34 anos em que estou
ausente de minha terra
Eu não me vejo existir sem a
sua presença...
São João D’El-Rey representa
muito desta minha existência...
Oh D’El-Rey como anseio voltar a cruzar suas pontes
A fazer moradia perene em sua alma até que outra
existência
Na vastidão infinita de meus
pensamentos busco algo que acalme o meu Ser…
As horas se consomem e se
perdem mais uma vez na ferrugem
Daquele tempo onde um poema
se eternizou…
Nos acordes de "Brothers
in Arms" mergulho minha visão que transcende
A vidraça orvalhada pela
tênue chuva que teima em borrifar
Folhas…
Pétalas…
Faces!
Nos quartos aconchegantes de
meu lar repousam aqueles a quem amo,
Acalentados pela noite que me
faz timoneiro dessa viagem rumo a
Essas infinitas plagas
interioranas…
Qual artífice que molda da
lama a sua obra-prima vou rebuscando meus
Versos nas reminiscências de
outrora e nessa imersão eu clamo:
_ Oh tempo infindo que
vagueia senhor das horas estonteadas pelo furor de desejos intrépidos… Tempo
que desnuda vidas redivivas, deixe-me vislumbrar, sorver minha essência que
tilinta por esses cantos indeléveis… Deixe-me reconhecer e crer que sou, de
verdade, partícipe desse processo imensurável a que chamam vida…
Vida essa que pulsa…
Pulsa…
Pulsa e,
Brilha nesses pequeninos céus
de olhos azuis a que chamo:
Um desejo incontrolável de
vê-la vem pulular em meus pensamentos….
Sinto-me novamente em mutação
- serei o substrato da titânica luta entre o meu EU e um Ego que se sujeita aos
imperativos mundanos?…
Há nas sombras de meu quarto
escuro luminescências de vida - vida contida em
meias-palavras: frágeis,
densas… tensas! Há um momento-inspiração projetado em minha mente.
Olho para o teto encoberto de
surpresas noturnas e a sinto - ahhh, como a sinto!
Você é isso - suave ave
branca a aliviar as trevas. Farfalhar mágico de asas alçando voos
incomensuráveis… Fecho os olhos e novamente o portal do meu coração é
entreaberto;
Levanto-me e vou à rua… O
vento assobia em meus ouvidos a sua canção. Caminho uma porção de passos, sem
ter norte ou mesmo um porquê. Metamorfoseio-me em criatura noctívaga,
transeunte do tempo querendo vencer os espaços - ou encurtá-los… Trazer o
incomensurável para dentro do infinito que habita para além de minhas
aparências fugazes.
Vou chutando as pedras sem
saber que com elas também estão rolando um tempo de lágrimas e de alegrias incontidas,
inesquecíveis. Fecho meus olhos novamente, sento-me em uma praça lotada de
vazios, sob a auréola de um lampião e sonho:
BRANCAS DUNAS…
BRANCAS NUVENS…
Sussurro ao vento o seu nome…
perscruto-a! Caminho, afundando meus pés nas dunas e a vejo… Alva como a areia,
balbuciando um sono fantástico… Corro sobre as garras da areia e não consigo
alcançá-la. Choro e minhas lágrimas se definham ao final dos cômoros, rasgam as
areias e você vem como um pássaro a saciar da sede que a resseca.
Então desço, rolo pelos
cômoros…
A ânsia aumenta… Quero cortar
suas asas, pois assim não alçarás mais voos longínquos. Estendo a mão, busco
agarrá-la, mas… lá se foi o pássaro… Há em seu lugar apenas resquícios de
poeira de dunas, de tempo…
Refaço-me desse pó, que
penetra como navalha em meus olhos, cortando e ferindo minhas pupilas…
Sigo.
Passos longos, mãos nos
bolsos, colarinho levantado para enfrentar a fúria do vento… há um frio absurdo
zoando sons fantasmagóricos em meus ouvidos.
Ao longe… bem ao longe,
escuto uma canção suave, que alivia a perturbação do frio - uma canção suave e
deleitosa. Corro e encontro uma ninfa exalando esses sons, fazendo um mosaico
com os acordes sonoros. Alivio-me por minutos de meus pensamentos… Vagueio ao
som… Sorrio e vejo que alguém ternamente corresponde ao meu gesto.
Está longe, mas sinto a
intuição bater forte em meu coração. Continuo a sorrir, a distância já não é
mais abissal… firmo os olhos e… ohhh, de novo a vejo!
Você abre os braços e eu mais
uma vez corro… Mas, de repente, as luminescências de vida se apagam e eu mais
uma vez me perco… a perco.
Eu via o mar com suas águas
indo e vindo… eu sentia o tempo passando por minha vida… passando como ondas.
MAR e TEMPO arrebentam-se em meus arrecifes de segredos…
Hoje eu sei… O tempo navega
pelo espaço em ondas…
Às vezes vai…
Às vezes vem…
E torna a ir para vir depois!
Quando vai, leva consigo um
pouco da gente que pensamos nunca mais reaver… Mas o nunca mais é uma ilha
utópica nessa dimensão imensurável e então quanto volta, percebemos que o que
foi levado voltou incólume! E assim, ao nos olharmos, sentimos que tudo passou…
Tudo, menos o que o tempo levou… O que com o tempo retornou.
Hoje eu sei:
O MAR e o TEMPO se confundem
numa só potência… Meus olhos se perdem na sedução do azul do MAR; meu coração
se rende às ondas do TEMPO que, sutilmente um dia, desvendou os meus mais
secretos segredos:
TEMPO…
MAR…
SEDUÇÃO…
SECRETOS…
SEGREDOS.
Hoje eu sei:
O TEMPO é um gigantesco MAR,
com ondas de sedução e arrecifes de segredos que, um dia se permitiram ser
levadas, para num outro se espraiarem por toda a praia… em todos os seus
cantos… num só encanto!
Numa tarde eu estava no computador e de repente eu comecei a ouvir o barulho da chuva a cair no quintal, começou de mansinho e foi apertando, ficando mais vigorosa e com ela vieram os trovões e seus guardiães - os relâmpagos.
Não coincidentemente eu estava ouvindo Ronan Keating em sua If Tomorrow Never Comes... daí comecei a viajar em um pensamento que me veio à mente: E SE NÃO HOUVER AMANHÃ?
Daí nasceu tal prosa poética que divido, mais uma vez com vocês. *************************************************************************************
A Ressurreição Nossa de Cada Dia
Ao findar de cada dia é certo que entregaremos nossos corpos à noite e dela obteremos, após um sono que quase cessará o sopro da vida que ontem estava conosco, uma repaginada nesta existência... RESSURREIÇÃO... Isto é ressurreição... Renascermos a cada despertar com o mesmo corpo, com a mesma identidade, com os mesmos caracteres que nos constituem individualidades, porém, com uma nova oportunidade de nos estabelecermos neste mundo impermanente...
“Somos convidados cada dia a ir deitar sem saber o que esperar do dia de amanhã. É isto, esse total mistério e infinitude de possibilidades que nos dá, senão o sentido, a vontade de viver”...
E nessas noites vivificantes eu me coloco a refletir exatamente sobre essas titânicas dicotomias: o temporal e o eterno; o transitório e o permanente; a finitude e o indelével...
Ouço a chuva caindo incessantemente, Vindo acompanhada de ventos fortes A farfalharem os galhos dos maravilhosos bouganvilles Que compõem e emolduram a minha verde rua...
Esses ruídos brancos – brandos e cadenciados - da chuva são convites, Às mais das vezes, tentadores, à gostosa preguiça, Indutora de um irresistível poder sonífero... Mas esse espelho d’água também tem Um poder magnético, hipnótico mesmo... Chegando, por efeito cascata, a impor-nos mergulhos abissais na porção quintessenciada do self, Levando-nos a reflexões mais místicas Tanto em relação à nossa condição perante o mundo, Quanto em relação às forças que regem alguns de seus determinismos...
Quando a vidraça da janela reverberou E expandiu o clarão do relâmpago que Triscou incandescente os céus Eu volvi minha cabeça até seus espelhos E ali me vi refletido... E nesse pano de fundo das águas chorosas Espocando à luz de coriscos travessos A nossa imagem desnuda – tal qual nós a sabemos, Eu me peguei a refletir sobre o AMANHÃ.
Talvez eu renasça amanhã em minha ressurreição de cada dia... Talvez não. Caso eu ressurja será um PRESENTE...
O sopro da vida está a assoprar incessantemente, Permeando a atmosfera de minha morada... Então pode ser que eu seja vivificado; Mas também há que se considerar o vento-sul: Esse endiabrado El Niño, A agir sobre o sopro vivificante, E daí eu não conseguir inspirá-lo E já não estar um Ser edificando e nem tão edificante...
Trabalhar entre o sim, o não ou o talvez será sempre assim: Talvez eu acerte... talvez nem tanto... Talvez eu erre e peque feio!
Isto é tão exato quanto à comparação que se pretenda segura Ao vislumbrar-se o Planalto Central de longe, Escolhendo-lhe um ponto de referência... Tenderemos a atestar que tudo está bem perto Do ponto de vista de nosso precário olhar, Por conta de enxergamos tudo na linha do horizonte...
Mas e então, e se o amanhã nunca chegar?... Pode ser que eu me permita chorar, Pode ser que não!... Pode ser até que eu ria Em enxergar-me transeunte espectral Caminhando os mesmos caminhos do ontem, Em que ganhei o PRESENTE.
A dialética das hipóteses Estribada por um SE ali entremeado, Por um trêmulo, esfaimado e esfacelado TALVEZ É por - via de regra - tão perversa Que por vezes me incute a certeza, em simulacro, De que se o amanhã nunca chegar Jamais terei outro presente, Mas tão-somente uma realidade reversa... adversa.
Se o amanhã vier mais uma vez, Ressuscitando-me de uma morte noctâmbula, Com ele virá mais um PRESENTE E então será sábio esquecer-me Do SE, ou do TALVEZ...
Lacerarei o papel bonito que o envolve E recomeçarei o meu Carpe Diem Porque pode ser que depois - na manhã seguinte O amanhã nunca chegue..