Salvo Terra est salvare nos
Hoje eu vim reflexivo pelas ruas de minha cidade... parei no meio da bela Praça Rui Barbosa e olhei pra cima: não há copas de arvores bem no seio de uma urbe mais lindas das que sempre me emocionam...
Essas de meu ícone interiorano do modernismo no Brasil - a vanguardista cataguASES (terra de ases), dos diabretes MENINOS VERDES que chamaram atenção de Oswald de Andrade; Tarsila do Amaral; Djanira; Carlos Drummond de Andrade e vários outros...
Não apenas as Praças de Cataguases - a de Santa Rita é outro primor; com árvores gigantescas; com um enorme painel no frontispício do Santuário da mesma Santa e que expressa em ladrilhos a sua vida e que vem assinado por Djanira, mas não há uma - sequer uma! - rua de Cataguases que não seja arborizada de de seu início ao fim.
Em 1981 quando deixei outra joia rara de nossa história - minha barroca; terna; sacra e profana d'El-Rey - eu me extasiei com tantas árvores (nunca tinha visto nada igual)...
Mas voltando ao ato reflexivo que tive: - continuemos!
Cataguases - em nossa zona da mata mineira - já não é de hoje conhecida por suas temperaturas sempre elevadíssimas; praticamente não há inverno aqui (bem pelo menos era assim nos anos 80 e 90)...
Descendo o nosso Calcadão, também descia ao mesmo tempo e incessantemente sobre meu corpo inteiro verdadeira garoa de suor... A toalhinha de rosto não estava dando conta e aí eu é que me dei conta de que o meu ato reflexivo era exatamente sobre isso: - a causa desse calorão exacerbado!
O que não saía de minha mente era o verbo DESMATAR... pensava comigo: esse verbo tem o prefixo "des" e então também deveria significar NÃO MATAR, mas ao contrário ele remete a MATAR DUAS VEZES!!! Eis que de uma mata nativa cheia de vida ao desmatá-la você não traz nada de volta à vida e mata o sopro da vida que assobiava por entre árvores, capinzais, cânions... então DESMATAR MATA!
E eu continuei meu itinerário chegando à Chácara Dona Catarina ( dotada de uma escultura em bronze de uma linda mulher chamada "VIOLETA", da artista plástica Sônia Ebling).
Meus pensamentos fervilhavam aos mesmos graus da temperatura cuja sensação térmica seguramente passava dos 55°...
Se um corisco trisca os céu e lacera sem dó a mata seca, teremos um incêndio abissal; se um inumano abjeto ateia, em crime e por ganância, fogo nas matas também teremos algo avassalador...
Então dois são os fatores que contribuem para o DESMATAMENTO e consequentemente para o cabal desequilíbrio climático: - a natureza e o homem... pois bem, meus passos já me deixavam na linda Avenida de Palmeiras Imperiais - a Meia Pataca e eu continuava com minhas elucubrações...
E daí meditei: mas espera só um instante; a natureza está agindo de forma extremada por conta exatamente do desequilíbrio ambiental (pelo menos as mais das vezes, salvo quando são genuinamente forças naturais), então o débito maior é mesmo daqueles que estão sobre a atmosfera da Terra e NEM HUMANOS CONSEGUIRAM SER AINDA!
Cheguei em minha casa no muito arborizado Bela Vista - com meus flamboyants inenarraveis; abri o portão de casa e verbalizei alto e em bom tom:
_ DESMATAR É MATAR DUAS VEZES!
Fernanbas - Fernando Batista Santos
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