INVERNO CULTURAL
(Tributo ao Maquinhos)
... há um tempo enevoado... E muito frio... tempo invernal...
É inverno em d'El-Rey...
Na paisagem barroca o frio é o timoneiro da nau que singra um Lenheiro absolutamente oculto em brumas...
Já é tardizinha e quando a noite chega a temperatura se coloca como caroneira dessa nau...
A neblina encobre D'El-Rey por completo e que se deixa levar por baixíssimos graus...
Os sinos - que aqui têm alma e voz - anunciam que as artes estão afloradas, porque está inverno em São João e é inverno cultural...
Estranho paradoxo permeia a psicosfera sanjoanense... De um petrificante; gélido ar, emerge um clima acalorado pelas verves de intrépidos artistas que afogueiam suas almas em simbiose com as nossas através das vielas; largos; praças e casarios que são bares da vida... os bares... aqueles que um dia assim o poeta cantou:
"(...) Doido corpo que se move
É a solidão nos bares que a gente frequenta
Pela mágica de um dia
Que independeria da gente pensar
Não me fale do seu medo
Eu conheço inteira a sua fantasia
E é como se fosse pouca
E a tua alegria não fosse bastar
Quando eu não estiver por perto
Canta aquela música que a gente ria
É tudo o que eu cantaria
Quando eu for embora, você cantará (...)"...
E eu, aquele andarilho do Caminho do Pólen, extasio-me com as dicotomias que se apresentam para o meu olhar:
Silêncio/sons da música e dos acordes de violas; gaitas e violinos...
Na Biquinha (da varanda do Tia Maria II) meu olhar vai serpenteando as luzes que evidenciam a Ponte do Rosário com suas pedras singulares e seculares...
E, então, eu que já não habito mais essas plagas, sinto todo o meu corpo; minha alma arrepiarem; mas não é por conta do frio, mas porque é inverno - INVERNO CULTURAL em d'El-Rey.
Fernanbas - Fernando Batista Santos
Foto: o Mago da Lentes Kiko Neto
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